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Tarô: Origem e Modernidade

Foto do escritor: Yola IsferYola Isfer

O baralho de tarô é composto por 78 cartas e serve, dentro do meio esotérico, como instrumento terapêutico e uma poderosa ferramenta de orientação e autoconhecimento.


As cartas - também chamadas de arcanos (palavra essa elegante pra falar de mistério) - são divididas em dois conjuntos fundamentais: os arcanos maiores ou principais e os arcanos auxiliares, também chamados de menores.


Os arcanos auxiliares são muito populares, conhecidos por nós como o baralho comum, aquele que é utilizado em jogo e todos provavelmente já tivemos contato. Divididos em 4 naipes (copas, espadas, ouros e paus), possuem cartas numeradas (que vão do às ao dez) com adição das 4 figuras da corte: o Rei, Rainha, Cavaleiro e Valete.


Já os arcanos principais são nomeados e específicos ao jogo de tarô. Contam uma história que muito se assemelha à jornada do herói. Numa peça de baixos e altos, curvas e saltos, o maço revela sua saga. A estrela, a torre e o louco são algumas dessas cartas. Mesmo que você se considere a leiga do tarô, é muito provável que você já tenha se deparado com O louco, por exemplo, na figura do coringa.


No final do séc. XIV o baralho já era um objeto muito apreciado pelos italianos como jogatina, e não só, mas também como manual e instrumento pedagógico. Não se sabe exatamente onde, quando e quem foram os criadores do Tarô. Existem muitas especulações sobre a sua origem, mas registros que sejam anteriores ao período da Renascença mostram-se escassos. Devido ao grande fluxo comercial e difusão cultural no continente europeu nesta época, há um consenso de que o tarô tenha sido desenvolvido ao longo de um grande período através da colaboração de diferentes povos e culturas até incorporar a conjectura atual e popularidade.


O primeiro registro histórico que cita o baralho por seu uso divinatório data do ano de 1540. Antes coadjuvante na reunião casual de amigos, tornou-se protagonista e objeto de estudos aprofundados em diversas escolas ocultistas e esotéricas que tiveram proeminência principalmente séc. XVIII.


Desde o tarô mais antigo que se tem notícias – o italiano conjunto Visconti-Sforza, feito sob encomenda para presente e datado do séc. XV – foram produzidos e produzem-se até hoje uma variedade imensa de diferentes tipos de maços. Há baralhos temáticos, estilizados artisticamente. Há tarôs franceses e brasileiros. Feministas, surrealistas e inspirados em obras literárias. Embora diversificados, possuem sua estrutura e essência preservadas.



O Arcano Maior da Estrela representado em 4 baralhos diferentes: O Tarô de Toth, Visconti-Sforza, Cleopatra Tarot e Rider Waite-Smith (Fonte: Arquivo Pessoal).


Longe de ser um objeto ultrapassado e piegas, o tarô se faz presente nas ruas, universidades, periferias e círculos intelectuais. Atuante na cultura pop, suas influências ultrapassam o meio esotérico e são notadamente marcantes nas artes plásticas, no cinema, literatura e moda. Em janeiro deste ano, por exemplo, a Dior fez o lançamento de sua nova coleção de alta-costura inspirada no querido baralho.



Cercado de mistério e muito encanto, o tarô transpassa os séculos e mantém-se cada vez mais vivo na realidade e imaginário coletivo. No roteiro da vida, assume papel de intermediário. Atemporal, reafirma-se pertinente e útil à trama existencial dos desejos e anseios humanos.


Yola Flores Isfer


Fontes:

O tarô Visconti-Sforza como espaço de relações e transferências no século XV italiano/Ligia Balestra Vasconcelos – 2019. 154 f. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de São Paulo, Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Guarulhos, 2019.


TAVARES, Jonas França. WORKSHOP, TAROT & ARTE: da Renascença ao Simbolismo. Disponível em: <https://www.instagram.com/grifo.tarot>. Acesso em: 10 mai. 2021.



 
 

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